terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Um breve história da astrofotografia. M42


(Foto: Jailton César)


Saudações a todos os nossos colegas astrônomos e aos simpatizantes desta que é, em minha modesta opinião, a ciência que eleva o espírito humano um degrau acima. Isso porque nos mostra nossa insignificância diante da imensidão do universo, mas também nos revela nossa importância como seres, que em sendo parte do universo, é autoconsciente e o compreende, ainda que parcialmente, ou seja, somo a consciência do próprio universo.
Por não termos achado outra forma de consciência em todo universo, isso nos traz a responsabilidades de entendermos e conservar nosso planeta, que até então é o único lugar onde podemos existir, assim como compreendermos o universo e conhecer o que nele existe, para que possamos compreender efetivamente nós mesmos, já que o que rege o universo também nos rege e assim como somos parte dele, ele é parte de nós.
O meu primeiro contato com essa ciência foi quando eu tinha 6 anos, por intermédio de meu irmão do meio e do senhor Carl Sagan. Desse momento em diante nunca mais me desliguei. Tudo que era revista livros programas de televisão que falasse no assunto era do meu interesse.
Por volta de meus 12 ou 13 anos olhei pela primeira vez com um binóculo para a lua e vi as crateras, realmente incrível, era possível ver as crateras da lua com um simples binóculo!!!! Era formidável. Eu percebi pela primeira vez que a observação de astros estava ao meu alcance. Pedi este binóculo a meu amigo Helder e de cima do telhado de minha casa pude ver pela primeira vez objetos como M7, M6, M20 e M8. Mesmo sem ter a mínima idéia do que era, só de ver pequenas manchas quase no limite do que eu podia ver, sabia que era algo diferente de tudo o que já havia visto, e era maravilhoso. Cheguei também a ver o aglomerado globular de Omega do Centauro. Sabia que era algo muito especial e distante, pois sua aparência difusa me chamou muito a atenção. Na verdade a primeira vez que eu vi pensei que fosse um cometa.
No final de 1989 adquiri minha primeira luneta, uma Tasco de 50 mm de diâmetro e 600mm de distancia focal semi nova. Não sabia nada de telescópio ou lunetas, mas me parecia muito boa, e era mesmo. Antigamente os telescópios eram mais bem construídos. Com exceção de seu tripé de 30 cm de altura e folgado era uma luneta muito boa. Foi nessa época que eu realmente me envolvi com a astronomia pratica. Conheci alguns membros de uma associação de astrônomos amadores, o CEA, Clube Estudantil de Astronomia, lá consegui valiosas dicas. Depois adquiri livros e estudei os mapas celestes que consegui, descobri o que eram aquelas manchinhas que vi pela primeira vez no binóculo, observei saturno e depois júpiter com minha lunetinha, fiz milhares de outras observações e registros mais todos com desenho e textos que eram incompreensíveis para a maioria das outras pessoas que conhecia. O que eu queria realmente era fotografar aquilo que via pelas lentes de minha lunetinha.
Um belo dia meu irmão mais velho chegou com uma ZENIT, uma câmera fotográfica de filme, e logo tentei fazer minhas primeiras fotos. Como não havia internet era muito difícil consegui informações sobre como fotografar. O que eu tinha eram informações espaças de que havia pessoa que fotografavam os céus, mas não havia nenhum detalhe de como fazer isso.
Em um dia inspirado, eu pensei: Se eu vejo com meus olhos pela lente de minha lunetinha, e a lente da câmera é como um olho, talvez eu consiga fotografar a lua com a lente da câmera encostada na ocular. Apontei a lunetinha que estava em cima de uma cadeira na porta do quarto dos fundos de minha casa para lua, coloquei a lente da câmera bem encostada da ocular observando pelo visor e disparei com o tempo que o fotômetro indicava. Foi minha primeira experiência. Uma semana depois juntei o dinheiro para revelar o filme de 12 poses. Entreguei o filme ansiosamente á moça do balcão com mil recomendações, era uma revelação em uma hora, uma novidade na época e mais cara também. Uma hora mais tarde cheguei lá, entreguei o tíquete do pacote, e a moça me disse: “ainda não esta pronta”. Que frio na barriga... Ai ela disse: “vou ver se já está lá dentro”. Uns 3 minutos depois ela volta com o pacote fechado. Nervosamente abri o pacote e passei uma por uma as fotos, pra variar era a ultima... Quase chorei. Tava lá, tudo lá. As crateras, os mares, eram incríveis! Apesar de um pouco tremido aquela foto me mostrou que é possível fazer fotos astronômicas. Eu posso!!!
Foi assim que eu comecei a tirar fotos astronômicas, com essa câmera fiz inúmeras fotos, nada incríveis a vista do que fazemos hoje com as câmeras digitais, mas era incrível fotografar coisa a trilhões, quatrilhões de quilômetros e poder mostrar aquilo aos amigos.
Algum tempo depois tive que abandonar tudo, tinha pouco tempo e nenhum dinheiro sobrando para essa atividade. Após quase 6 anos eu pude retornar a meu hobby favorito, mas agora tudo tiinha mudado, era tudo digital, como se faz fotos astronômicas com câmeras digitais? Pus-me a pesquisar e descobri que o que eu fazia com filme não tinha se perdido, entretanto os recursos e as possibilidades do mundo digital eram infinitamente superiores. O que se fazia com uma simples webcam, só podia ser sonhado com filme fotográfico se você tivesse um grande observatório a sua disposição.
Desde que comecei a estudar astrofotografia digital a uns 3 anos. Acumulei uma boa experiência e apesar de saber que ainda existe muito para aprender, quero passar toda a experiência que acumulei durante todos esses anos.
Deixo vocês com a minha ultima imagem da nebulosa de Órion feita com uma Power shot Canon S5 IS. Na próxima vez falarei mais detalhadamente como uma câmera relativamente comum é capaz de fazer o impensável há alguns anos atrás.

Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial

3 comentários:

  1. Grande Jailton! Inaugurando o ano! A foto está magnífica! A minha já era kkkkk

    ResponderExcluir
  2. Parabéns Jailton! Ficou 1000!! Sempre levando o equipamento ao limite da sua capacidade!!
    Grande Abraço! :)

    ResponderExcluir
  3. Putz, (sempre) fico em dúvida, qual é a mais bonita daqui, essa, a de escultor ou a de júpiter com o impacto... grande abraço Jailton!!

    ResponderExcluir

Copyright © Astrofotografia Sergipe | Traduzido Por: Mais Template

Design by Anders Noren | Blogger Theme by NewBloggerThemes